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As diversas facetas da maturação cerebral
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Mudanças cerebrais, mudanças de aprendizagem, mudanças comportamentais
Inversamente do que muitos imaginam, o cérebro não se desenvolve igualmente como um todo. Pode-se dizer que a maturação das diferentes áreas do cérebro segue ritmos diferentes e aumento de massa desigual. Sabemos que, por exemplo, o volume da substância cinzenta do córtex sofre um pico de maturação na adolescência; a substância branca, por outro lado, cresce de forma linear; a espessura máxima do córtex ocorre em diferentes momentos para cada região; as regiões corticais relacionadas a funções primárias, como sistemas motores e sensoriais, amadurecem primeiro; as áreas envolvidas na orientação espacial e linguagem (lobo parietal) se maturam em seguida; as áreas de associações de ordem superior, como o córtex pré-frontal amadurecem depois (final da adolescência ou início da idade adulta); as estruturas subcorticais filogeneticamente mais antigas do que o córtex também mostram diferentes trajetórias de desenvolvimento, como o "striatum" que mostra seu volume máximo por volta dos sete anos.
As diferenças de maturação cerebrais parecem também sofrer influência dos estímulos ambientais recebidos no decorrer da vida. Por exemplo, o aprendizado de tocar um instrumento musical vai estimular áreas especificamente envolvidas para essa habilidade. Assim temos o aumento no número de conexões entre áreas do cérebro envolvidas nesse uso e a diminuição de conexões não usadas ou subutilizadas. Sabe-se que a substância cinzenta, em seu processo de maturação, vai diminuindo da parte posterior para a frontal, refletindo a perda progressiva de conexões neuronais não utilizadas.
Devemos, então, entender que existe uma maturação típica do cérebro que explica determinados comportamentos, como o rápido amadurecimento das áreas subcorticais no striatum que apontam para um comportamento impulsivo e orientado para recompensas, na adolescência. E também identificar que alterações no aprendizado cognitivo estão relacionadas a mudanças no volume e na atividade do córtex pré-frontal, que, por sua vez, propiciam um desenvolvimento inadequado do controle comportamental, observado, por exemplo, em casos diagnosticados com Transtorno do Deficit de Atenção e Distúrbio de Hiperatividade e Impulsividade (TDADHI). Cabe dizer que a redução dos sintomas de TDADHI pode estar condicionada a uma normalização do desenvolvimento cortical em determinadas áreas.
É possível, portanto, concluir que é de extrema importância a estimulação de habilidades cognitivas e/ou comportamentais direcionadas para casos de alterações de aprendizagem e/ou comportamentais, visto que ambos estão diretamente ligados a diferenças de maturação cerebral.